sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O que é de nossa cultura?


A cultura brasileira não pode perder sua identidade, sua história, ainda mais quando ela é rica em suas mais diversas modalidades, tais como: a música, as danças, seus ritos, sua poesia, sua literatura e sua arquitetura. A cultura é uma identificação não apenas pessoal mais também social.
                O folclore é o conjunto das criações de uma comunidade cultural baseada nas tradições de um grupo ou de indivíduos que expressam sua identidade cultural e social além dos costumes e valores transmitidos oralmente, passando de geração em geração.
              Todavia vem sendo deixado de lado para dar espaço a cultura americana a exemplo disso é são as festas de halloween que cada vez mais fazem parte da cultura brasileira.

Como exemplo de uma cultura tão bonita temos o fragmento de um cordel que fala da lenda do Saci pererê e está no livro infantil A Lenda do Saci Pererê de Marcos Haurélio

Passou o tempo e o Saci
Voltou àquela fazenda
Parece que o danadinho
Vinha mesmo de encomenda,
Causando aborrecimentos,
Numa algazarra tremenda
(...)
A mãe aflita rezava
As orações que sabia,
Mas o moleque danado
Cada oração repetia
Arremedando a mulher,
Que muito se aborrecia.

Todo dia o Saci vinha
Pulando, dando pinote,
Espantando os animais,
Sujando a água do pote
Assim, os pais adotivos
Sofriam com o moleque.
Natália Oliveira de Souza.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Xilogravuras no isopor

Não tem madeira para fazer sua xilogravura? "Homi", não se avexe não que com isopor você também faz!
 
Colorido




Preto

Agora não tem mais desculpa para não fazer!

Alessandra Nunes





Cordel em sala? Sim senhor!


A gramática no Cordel.
Autor: Janduhi Dantas


Não vá comer mortandela
Pra não ter indigestão 
Mas mortadela, sem n,
Pode comer de montão:
"Levante a mão pra não gosta
 De mortadela com pão!"


Cela com c é de quarto

onde fica o condenado.
Sela com s é assento
No cavalo colocado,
Também é forma verbal:
"Sela a carta, Zé Machado".


Na palavra "Carrossel"

nove letras nela há.
E sete são os fonemas
(se quiser pode contar!)
pois os dígrafos grifados
um som vão apresentar. 


Por: Cinthya Débora

domingo, 23 de outubro de 2016

O professor infeliz



O PROFESSOR INFELIZ

Um professor de labuta
Muito economicista
Combatente dos desmandos
Ditadores e golpistas
Não vai para a assembléia
por que é um anarquista.

Se surpreende com a falta
Do bom senso natural
Seres humanos brilhantes
De intelecto anormal
Pensam fora do contexto
Da conjuntura atual.

[...]
É difícil de entender
Tanta falta de dinheiro
Quando vemos na TV
Escorrendo no bueiro
Propagandas ilusórias
Verba que vira poeira.

Enquanto a Educação
Fica sempre relegada
Terceira ou quinta opção
Nunca é priorizada
Somente na eleição
É que é valorizada.

A prática nós conhecemos
Fica tudo dominado
De um lado os partidos
Alinhavando aliados
E nós como expectadores
Sendo todos enrolados.

[...]

Uma verba federal
Tem que ser distribuída
E o que é pra Educação
Mal chega e é diluída
Nos projetos de ilusão
Divulgados pela mídia.

Se o trabalhador faz greve
Por uma causa bem justa
Mais qualidade de vida
Conta bancária robusta
 A Justiça fica contra
Vivermos às próprias custas.

[...]
E no meio dessa intriga
Dos colegas partidários
Um trabalhador honrado
Livre pensador diário
Quando se expressa na luta
Vira um reacionário.

Por querer que aquele espaço

Se preocupe apenas
Com sua categoria
Que carrega às duras penas
'o sofrimento do mundo'
Em suas costas pequenas.

A luta é contra tudo
Que há de mal nesse mundo
Violência desrespeito
O excesso de defunto
Racismo homofobia
Golpe baixo no seu fundo.

Tem secretário empresário
Cotado pra ser prefeito
Diretor de sindicato
Lutando pra ser eleito
E políticos chamando
O povo para o pleito.

Eu não preciso optar
Entre um ou outro lado
Sigo numa via inteira
Sem partido atrelado
Meu pensamento é livre
E o que eu pensar ‘tá pensado.

Um apelo pra Justiça
Seria o ideal
Contra o reajuste zero
Provando que é irreal
A desculpa apresentada
A verba é usada mal.

Se cada categoria
Defender os seus direitos
O povo trabalhador
Ficaria satisfeito
Sem política partidária
Para fazer do seu jeito.

Por isso esse pregão
Que agora vou pregar
Na cadeia o Robin Hood
E também o Ali Babá
Que haja honestidade
Para o Brasil Avançar!

*Jotacê Freitas, Salvador, 18 de maio de 2016.
Cordel Jotacê Freitas






sábado, 22 de outubro de 2016

"A grama do vizinho é sempre a mais verde".



1ª imagem: Espaço Brasil- Lisboa,Portugal/ 2ª imagem: Academia de Literatura de Cordel- Brasil.



Sabemos que nós brasileiros temos o péssimo hábito de desejar ou valorizar o que o não é nosso, não é mesmo? Dentre essas valorizações, a cultura é algo predominante. O ponto negativo desse aspecto é a perda da identidade e desvalorização da cultura local, como acontece, por exemplo, com o cordel.
   
No Brasil existe uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel, que se localiza no Rio de Janeiro, na própria capital, um patrimônio histórico que foi concedido a partir de muito esforço e de uma iniciativa de três cordelista. Porém, quando é concedido ao país essa academia como bem imaterial e centro de memória, pouca coisa vemos nela, não há atrativos estéticos, divulgações, nem interesse de melhorias para esse centro, que é tão rico de história da cultura popular.

Já em Lisboa, Portugal, foi desenvolvido o Espaço Brasil, criado pela cenógrafa brasileira Aby Cohen, que segundo ela é "um espaço em que se sente acolhido", essa característica de acolhimento, que em si já carrega um traço de brasilidade, deu o tom da cenografia do Espaço Brasil. Uma casa onde é retratado e exposto as diversas culturas e apanhados brasileiros com o intuito de mostrar o que é a arte e a cultura do Brasil contemporâneo, onde todos os anos são divulgados e colocados em exposição e espetáculos para a sociedade. E no ano de 2012, o cordel foi alvo de exposição, nosso tão rico cordel foi homenageado. 

Então eu me pergunto o porquê do nosso país não ter criado um espaço desse, cheios de atrativos, exposições e espetáculos, podendo mostrar para os próprios civis a diversidade de cultura que temos e valorizar ainda mais o que possuímos. Não apenas criar um lugar onde encontramos acervos teóricos, mas sim, algo que nos faça encher os olhos já na entrada, que nos encantem e desperte a vontade de conhecer o que tem ali dentro. 


Por: Cinthya Débora


Princesa? Será?

Imagem de vídeo que discute o feminismo
Quantas vezes nós mulheres já escutamos que precisávamos nos comportar como princesas? Que uma princesinha tem que sentar como uma mocinha ou que brincar com meninos não é legal? Muitas né? Incontáveis, eu sei.

É justamente sobre isso que Jarid Arraes fala no cordel A menina que não queria ser princesa.
Nós somos apresentados à Tereza uma menina que não está muito interessada em ser uma princesa:

"Era uma vez uma menina
Dotada de esperteza
Nascida lá no sertão
Batizada de Tereza
Era muito da danada
Arretada de brabeza."

E como a literatura é um espelho da vida os pais de Tereza não sabem lidar com as diferenças da menina e tentam a todo custo impor o que o senso comum considera normal.
"Foi que a mãe aperreada
Teve então uma clareza
Mandou trazer um livro
Com história de princesa
Segura do seu sucesso 
Deu o livro pra Tereza.

A menina interessada
Logo se botou a ler
Subia e descia o olho
Mas não podia entender
A princesa era frouxa
E nada sabia fazer."

Depois de um tempo sua mãe percebe que a filha não é mais a criança feliz que costumava ser quando não tinha toda a pressão para ser uma princesa e decide deixar a menina livre para ser o que quisesse.


"Foram contar pra Tereza
Que tudo podia fazer
Rolar, pular e dançar
Escalar, cair e correr
E se gostasse de princesa
Isso também podia ser."

Tudo bem ser uma princesa, mas só se você quiser ser uma. Tudo bem também não gostar de princesas e querer ser qualquer coisa que te faça feliz.

"Se tem menina princesa
Que gosta muito de rosa
Tem também a danadinha
E que é muito geniosa
Tereza era só um tipo
De garota talentosa. 

[...]

Pois ao papai e à mamãe
Eu peço muita atenção
Que criem meninas livres
De todo tipo de opressão
Que sejam o que quiserem
Cheias de amor no coração.


Pois é muito importante
Ensinar independência
Que sejam bastante fortes
Cheias de resiliência
E com a cabeça feita
Dotadas de competência."


É de extrema importância que os cordéis que são tão tradicionais quanto a sua forma estejam abertos a falar sobre conteúdos que estão em momentos de forte discussão como o feminismo.
 


Alessandra Nunes