segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Cordel na Vida




 
Casa de Farinha
Não foi necessário sair de casa para ter bons exemplos de como o cordel influência na vida de algumas pessoas: meu avô, hoje com 81 anos, já não tem mais a mesma vivacidade de alguns anos, mas ainda assim tem gravado na memória trechos e mais trechos de cordéis.

Sob influência dele, os filhos também herdaram a paixão pelo cordel, porém ir para a escola não era prioridade, vivendo no interior do estado de Alagoas dos anos 60 a 80. O trabalho na roça e nas casas de farinha vinha em primeiro lugar.

Para minha mãe, por exemplo, só foi possível começar a frequentar a escola aos oito anos, daí rapidamente aprendeu a ler e finalmente pode ela mesma ler as palavras que o pai sempre recitava. Nos cordéis ela via realidades muito parecidas com a que ela estava acostumada, como o patrão cruel e sua esposa igualmente ruim, o cansativo trabalho na roça (A Princesa da Pedra Fina, Leandro Gomes de Barros), o chão que ela tinha a sua frente era a mesma terra vermelha que era descrita nos cordéis.

Porém a realidade às vezes é cansativa demais então como fuga existiam aqueles cordéis que eram tão distantes do que ela vivia que a faziam viajar com o navegador João de Calais, por exemplo.

Sendo um simples folhetim era mais fácil e rápido de ser lido, na pausa para o almoço na roça ou em um cantinho na casa de farinha.

Não satisfeitos em apenas ler os cordéis meu avô e alguns tios também os escrevia, os assuntos tratado eram as desventuras do dia a dia e, em uma família com doze irmãos, não faltavam historias para serem contadas. Infelizmente nada do que eles produziram foi poupado pelo tempo.

Aqueles dias no roçado ficaram no passado, mas os livros simples e rimados que serviam de fuga outrora continuam mais do que presente na vida de todos eles.


Por Alessandra Nunes

           



Vamos analisar um Cordel da Atualidade? Vem comigo!


Análise do Cordel: LITERATURA DE CORDEL/ REDES SOCIAS.
Com o objetivo de mostrar uma nova visão de mudança da Literatura de Cordel, visando destacar aqui, o Cordel da Atualidade.

LITERATURA DE CORDEL/ REDES SOCIAIS.




(Autor Desconhecido).
Esse tal de "Zap Zap"
É negócio interessante
Eu que antes criticava
Hoje teclo à todo instante
Quase nem durmo ou almoço
E quem criou esse troço
Tem uma mente brilhante.


Quem diria que um dia
Eu pudesse utilizar
Calculadora e relógio
Câmera de fotografar
Tudo no mesmo aparelho
Mapa, calendário, espelho
E telefone celular.


E agora a moda pegou
Pelas "Redes Sociais"
É no "Face" ou pelo "Zap"
Que o povo conversa mais
Talvez não saiba o motivo
Que esse tal aplicativo
É mais lido que os jornais.


Eu acho muito engraçado
Porque muita gente tem
Um Grupo só pra Família
Um do Trabalho também
E até aquele contato
Que só muda o retrato
Mas não fala com ninguém!


Tem o Grupo da Escola
O Grupo da Academia
Grupo da Universidade
O Grupo da Poesia
Tem o Grupo das Baladas
Das Amigas Mais Chegadas
E o da Diretoria.


Tem quem mande Oração
"Bom dia!", de vez em quando
Quem só mande figurinhas
Quem só fique reclamando
Nos Grupos é que é parada
Dia, noite, madrugada
Sempre tem alguém teclando.


Cada um que analise
Se é bom ou se é ruim
Ou se a Tecnologia
É o começo do fim
Talvez um voto vencido
Porém o "Zap" tem sido
Até útil para mim.


Eu acho que a Internet
É uma coisa muito boa
Tem coisas muito importantes
Porém muita coisa à toa
Usar de forma acertada
Ou, por ela, ser usada
Vai depender da pessoa.


Comunicação é bom
Vantagens que hoje se tem
Feliz é quem tem Amigos
Fora das Redes também
A vida só tem sentido
Quando o que é permitido
É aquilo que convém.


Pra quem meu verso rimado
Acabou de receber
Compartilhe essa mensagem
Que finaliza a dizer:
"Viva a vida intensamente
Porque é pessoalmente
Que se faz acontecer!"



  Então, o que podemos perceber é que esse novo estilo de cordel, o “cordel da atualidade”, preserva traços específicos dos tradicionais, suas rimas, linhas por estrofes, sintonia, contextos engraçados, dentro outras coisas.  Porém, podemos perceber algumas mudanças, em sua linguagem, no que é retratado, isto é o reflexo dessa nova visão de mundo que está compartilhada por todos nós. Esse cordel coloca em ênfase as redes sócias, suas vantagens, a proporção que se repercuta e faz parte da vida das pessoas,  tudo isso retratado de forma engraçada e deixando a própria identidade do autor explicita a todos.                                   

                                                                     
                                                                                                                                 Por: Cinthya Débora

Analisando Cordéis, vamos nessa!

Com objetivo de mostrar a representação da mulher nos cordéis destaca-se a poeta Janete Lainha Coelho. Cordelista da cidade de Ilhéus- Bahia.
Análise do cordel de Janete Lainha Coelho :

“O cordel de  Gabriela nas terras do cacau”



Falarei sobre Jorge Amado
Cordel por mim criado
Lido em toda região
Cujo folheto versado
Digo nesta ocasião
Já se acha esgotado                     
Gabriela cravo e canela
Pretendo biografar
Neste simples folheto
Em estilo popular
Que a mim por direito
Venha à imagem zelar
Aqui começo a descrever
Em ilhéus como cenário
Dos vários personagens
Coronel, quenga e vigário
Nas terras do cacau
De Jorge a imagirio
A morena Gabriela
Segundo o escritor
Senhor Jorge Amado
Mulher simples de valor
Conquistou o seu amado
Com seus dotes, com amor
[...] por também ser feminina
E humilde trovadora
Ter muito em comum
Digo que essa mulher
É musa inspiradora



O cordel de Janete retrata a mulher espelhada na mulher de Jorge Amado, fala de Gabriela personagem que ele criou, é uma mulher sensual, de força e coragem.
            Janete quer mostrar que a mulher tem ganhado espaços, assumindo o papel de mulher que tem valor, trabalhadora e até mesmo aquela que mantém o lar.

            Pois na época em que os cordéis de Janete foram publicado a mulher tinha que obedecer ao homem, quando não acontecia eram reprimidas e condenadas a castigos  muitas vezes bárbaros. Como mostra o cordel “os desafios da mulher tal e qual nos tempos da colher da colher e pau”.
                                                                                                                         
                                                                                                                             Por: Natália Oliveira

Analise de Cordéis

Analise de Cordéis

domingo, 25 de outubro de 2015

Ficou com vontade de conhecer alguns cordeis? Pois então "se aprochegue"!



Coco Verde e Melancia
Autor: José Camelo de Melo Resende

Coco-Verde e Melancia

é uma história que alguém
quer sabê-la mas não sabe
o começo de onde vem
nem sabe os anos que faz
pois passam trinta de cem

Coco-Verde era filho

de Constantino Amaral
morador no Rio Grande
mas fora da capital
pois sua casa distava
meia légua de Natal


Porém seu nome era Armando 
como o povo o conhecia
mas a namorada dele 
essa tal de Melancia
a ele por Coco-Verde
chamava e ninguém sabia

Então dessa Melancia
Rosa era o nome dela
porém Armando em criança
se apaixonando por ela
para poder namora-la
pôs esse apelido nela 

Portanto, seu nome é Rosa
seu pai Tiago Agostinho
de origem portuguesa
do pai de Armando vizinho
seus sítios eram defronte
divididos num caminho

 http://www.ablc.com.br/popups/cordeldavez/cordeldavez024.htm



História da Princesa da Pedra Fina
Autor: João Martins de Athayde

No Reino da Pedra Fina

Havia uma princesa
Misteriosa, encantada
Uma obra da natureza
Com ela duas irmãs
Que eram a flor da beleza.

Naquela linda princesa

Só era em que se falava
Nesse lugar também tinha
Um pobre que trabalhava
Com três filhos no roçado
Com isso se sustentava

Chamavam-se os três meninos

João, Antonio e José
José que era o caçula
Do tamanho dum bebé
A sua mãe lhe estimava
Nunca deu-lhe um cafuné

Disse o marido à mulher:

- vou trabalhar no roçado
os meninos também vão
pra ajudar-me doutro lado
você cá mate um franguinho
apronte-o, leve-o guisado.

http://blogdotataritaritata.blogspot.com.br/2008/07/literatura-de-cordel_22.html
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=5399



Lampião, o Capitão do Cangaço
Autor: Gonçalo Ferreira da Silva 


Só a alma luminosa

do homem missionário
ouve a voz interior,
e tendo o dom necessário
faz poesia da seiva
de um caule imaginário.

Poeta não ouve vozes

só com humanos ouvidos,
ausculta a alma das coisas
com diferentes sentidos
para os que não são poetas
ainda desconhecidos.

Este poema que fala
de cangaço e de sertão
é, apenas, à cultura
uma contribuição,
um documentário vivo
da vida do Lampião. 


Por ser uma obra feita
à luz da verdade viva,
mostra a face nobre, humana
e até caritativa
de Lampião, se tornando
a menos repetitiva.


http://www.ablc.com.br/popups/cordeldavez/cordeldavez031.htm



A Discussão do Carioca com o Pau-de-Arara
Autor: Apolônio Alves dos Santos 

Já que sou simples poeta

poesia é meu escudo
com ela é que me defendo
já que não tive outro estudo
vou mostrar para o leitor
que o poeta escritor
vive pesquisando tudo

Certo dia feriado

sendo o primeiro do mês
fui tomar uma cerveja
no bar de um português
lá assisti uma cena
agora pego na pena
para contar pra vocês

Quando eu estava sentado

chegou nessa ocasião
um velho pernambucano
daqueles lá do sertão
com a maior ligeireza
foi se sentando na mesa
pediu uma refeição

http://ablc.com.br/popups/cordeldavez/cordeldavez004.htm

Ficou curioso com esses trechos? É só clicar nos links embaixo de cada cordel para lê-los na integra.


"Espia só" como se faz uma xilogravura


O que é Xilogravura "úai'?

Gravura talhada em madeira, de onde se obtém ilustrações populares, muito utilizada a partir do século XIX nas capas de folhetos da literatura de cordel. Era também usada para impressão de rótulos de garrafas, de cachaça e de outros produtos. Acredita-se que a xilogravura popular nordestina tenha sido trazida por missionários portugueses que ensinaram a técnica aos índios.acredita-se que a xilogravura popular nordestina tenha sido trazida por missionários portugueses que ensinaram a técnica aos índios.
As matrizes para impressão das ilustrações são talhadas, quase sempre, na madeira da cajazeira (árvore da família das Anacardiáceas - Spondias lutea L.), matéria-prima mole, fácil de ser trabalhada e abundante na região Nordeste do Brasil. Os xilogravuristas utilizam apenas um canivete ou faca doméstica bem amolados.Entre os gravadores populares mais conhecidos que deram a sua contribuição para a xilogravura nordestina estão Manoel Serafim, Inocêncio da Costa Nick, o Mestre Noza, Zé Caboclo, Enéias Tavares Santos, J. Borges, entre outros.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Quem somos

Meu nome é Cinthya Débora, tenho 20 anos , natural de Maceió-Al. Curso o 4º período de Letras na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e posso afirmar para vocês com toda certeza que sou completamente apaixonada por esse mundo das palavras e do poder que ela pode nos dar.




Meu nome é Alessandra Nunes, tenho 21 anos. Natural de São Paulo mas vivo em Maceió há 10 anos. Curso o primeiro quarto de letras na Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Tentei seguir por outros caminhos mas minha paixão pelas palavras acabou saindo vencedora, e cá estou, cada dia descobrindo e amando mais esse curso.



Meu nome é Natália Oliveira tenho 20 anos. Natural do São José da Laje, curso o quarto período de Letras na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Sempre gostei do mundo das letras e  da literatura.